Thursday, May 7, 2009

Deixa Ela Entrar - Let The Right One In


Deixa Ela Entrar

Oskar é um menino de 12 anos que é maltratado no colégio. Ele se apaixona por Eli, uma garota bastante peculiar. Eli dá a Oscar a força para que comece a revidar tudo que sofre nas mãos de seus colegas.

(Låt den rätte komma in) Suécia, 2008. Direção: Tomas Alfredson. Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar, Henrik Dahl. Duração: 115 min. Classificação: 13 anos.


Rafinha


Deixa Ela Entrar é um filme sueco sobre uma menina vampira.
Eli é a tal da menina vampira, eternamente presa em um corpo de 12 anos. Oskar é o menino que apanha dos outros no colégio. Eles se tornam amigos e Oskar, incentivado por Eli, começa a reagir às porradas que leva.

Sabe aqueles filmes bacanas como Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o vampiro? (Crepúsculo, por ser a pior história de vampiros de todo o universo conhecido e desconhecido não entra aqui) Pois então, Deixa Ela Entrar não tem nada a ver com esses filmes, a mitologia vampírica é algo bem sutil na história, a própria Eli em determinado momento diz: “Eu sou igual a você, Oskar. Não está vendo?”.

Eli não tem pele de diamantes (Vai se fuder Stephenie Meyer!), nem há referência a alho, cruz e água benta, nem mesmo as presas da menina são mostradas. Há sim a aversão ao sol e o fato de precisar de convite para entrar em casas alheias. Eu sempre achei essa regra um tanto psicológica, e o Oskar também. Ele questiona isso a Eli, e a inexperiente menina vampira não sabe responder, essa cena acaba sendo uma das mais interessantes.

Deixa Ela Entrar pode até ser considerado um romance, bizarro e sangrento, mas ainda sim um romance. Hollywood, como não poderia deixar de ser, já comprou os direitos para refilmar, e aposto que eles vão fazer uma cagação melosa de amor romântico pau no cu. O diretor do filme ficou puto com isso, li uma entrevista dele dizendo que não entendia a obsessão dos americanos com refilmagens e que seu filme já era bom o suficiente. Esperemos.

A caracterização e a entonação da voz de Eli são muito boas, a menina parece realmente um pequeno demônio habitando um corpo infantil.

O filme não é sensacional, nem o melhor filme já feito sobre o tema, mas é sempre bom ver um filme sobre vampiros, isso quando não há vampiros com pele de diamante nele.


M.

Este é um filme que narra o relacionamento entre uma menina-vampira e um garoto vítima de bulling, que acabam sendo vizinhos. De início quero confessar que assisti um pouquinho contrariado, já que foi uma versão dublada em inglês. Coisa de americano que não sabe ler legenda e considera um absurdo qualquer filme que seja feito em outra língua que não a deles.

Reclamação inicial à parte, é um filme interessante. Gostei bastante da estética, com a neve cobrindo tudo. Além do aspecto da beleza, acredito que isso é algo que modifica as relações sociais, pelo menos em comparação ao modo como elas se dão em boa parte do nosso país, que é constantemente ensolarado. A neve e o frio fazem as pessoas se fecharem mais nelas mesmas.

Sempre que vejo filmes em que há uma criança que se tornou vampiro, fico questionando a construção da psique da personagem. No caso em questão optaram por a deixar muito mais próxima da de uma criança, embora a sinopse indique que a menina-vampira já tem doze anos a duzentos. Não sei se, na prática, seria assim que ocorreria. Mas essa é muito mais uma digressão nerd sobre aspectos psicológicos de algo inexistente do que qualquer outra coisa.

O filme não é uma obra-prima que vai mudar sua vida, mas também não é ruim. É um bom filme, que não ofende sua inteligência, nem contraria os aspectos gerais do mito sobre os vampiros, não fazendo, por exemplo, que eles sejam seres cuja pele brilha lindamente na luz do sol.

2 comments:

Bee said...

A pior história de vampiros do mundo não é Twilight, e sim Os Sete. Diferente de Twilight, que é um romance para menininhas de onze anos que atingiu sua proposta, juntando várias fãs de 11 anos - física e mentalmente - em todo o mundo. Os Sete é um lixo que queria ter sido feito para todo mundo gostar, mas falhou miseravelmente. André Vianco escreve pior que Meyer, na moral.

Eu gostei de Let the Right one in. É meio claustrofóbico, meio opressivo, muito bonito, até um pouco perturbador. Mas a cena da piscina... Aquela cena praticamente vale o filme! Muito boa.
Eu gostei.

Beijos.

Anonymous said...

Estou surpreso com a quantidade de pessoas (principalmente adolescentes) que estão achando que este é um filme romantico, um filme que versa sobre uma estória de amor adolescente! Acordem, este brilhante filme não é um romance que tem vampiros no roteiro! É uma estória fantástica que aborda de forma simbólica, e não por isto menos precisa e verdadeira, a gênese de uma mente psicopata. O velho assassino representa o futuro do Oskar. Reparem como os dois manipulam a mesma faquinha, com os mesmos gestos. O velho é Oskar e Oskar é o velho. A "menina vampira" representa o mal absoluto. O mal que seduz e conquista o frágil e massacrado Oskar. O mal que o redime, objeto de culto e paixão. A "menina" que aliás não é uma menina. Ela diz isto repetidas vezes, mas ele não que ouvir. Na cena em que "ela" troca de roupa isto fica claro, pois ela não possui vagina, e sim uma cicatriz no lugar do antigo pênis - sim, a "vampira" é um menino castrado, feminilizado (isto está colocado de forma explícita no livro, mas no filme a cena é muito rápida e fica difícil de entender). Ou seja, "ela" é o "alter-ego" dele. A cena em que ele "a" aceita é fantástica. A cena em que comete o primeiro assassinato (ao entregar o vizinho no banheiro). A cena final em que ele conversa com "ela" no trem, em morse, é uma obra-prima. A conjunção de absolutos que caracteriza a mente dos psicopatas: amor x maldade. Se você quer entender como funciona a mente de um psicopata veja este filme. Um último comentário: o título em português mais uma vez decepciona: "Deixa ela entrar". O título original, que em português seria algo como "Deixa o que está certo entrar", é uma provocação, mas traz o significado do filme (na ótica do psicopata).