Friday, June 12, 2009

A Mulher Invisível

A mulher Invisível

Pedro (Selton Mello) ainda acredita no conceito do casamento, enquanto que Carlos (Vladimir Brichta) não aceita a possibilidade de que um homem passe toda sua vida ao lado da mesma mulher. Um dia Carlos é largado por sua mulher e conhece Amanda (Luana Piovani), sua nova vizinha.

A Mulher Invisível – Brasil 2009. Direção: Cláudio Torres. Elenco: Selton Mello, Luana Piovani, Vladimir Brichta, Maria Manoella, Fernanda Torres, Paulo Betti, Maria Luisa Mendonça, Lúcio Mauro. Duração: 105 minutos.


Rafinha

Quando vi o trailer de A mulher invisível o filme me pareceu bacaninha e resolvi dar-lhe uma chance. Nem estava esperando lá muita coisa, mas até que me surpreendi. O filme é muito divertido.

Pedro é um cara romântico que acredita em amor eterno, e mostra isso com uma frase extremamente cafona, algo como “querer alguém para dividir essa grande aventura que é viver”. À primeira vista parece apenas que o diálogo é muito ruim, mas na verdade ele se encaixa perfeitamente na personalidade do personagem, e Selton Mello é talentoso o suficiente para nos fazer perceber isso.

A trilha sonora é muito boa, tem Janis Joplin e Ramones e algumas músicas me remeteram aos filmes antigos, adorável.

As cenas de briga de Selton Mello e Vladimir Brichta são muito engraçadas, assim como as cenas em que Pedro acha que realmente está com uma mulher ao seu lado. Na verdade, todo o elenco faz um trabalho muito bom, exceto, claro, Luana Piovani. Em algumas cenas parecia que ela estava lendo no teleprompter. Lastimável.

O filme seria ainda melhor se o plot principal não fosse mostrado logo no pôster e no trailer, a mulher ideal que só existe na cabeça de Pedro seria mais interessante se não soubéssemos de início que ela é apenas fruto da imaginação.


M.

Fui assistir esse no Espaço Unibanco, aqui de Salvador, que ainda não conhecia. Gostei muito do ambiente. Tranqüilo, limpo, sem a poluição sonora e visual que é ir ao cinema no shopping (antes, durante e depois do filme), e, pra completar, com a meia por R$4 num domingo. Virarei freqüentador assíduo.

Pedro é um marido perfeito, que termina sendo chutado pela mulher justamente por conta disso. É como dizem por aí, otário tem mais é que se fuder. Todo mundo precisa de algum sofrimentozinho pra se sentir plenamente vivo.

Digressão à parte, por conta do trauma o sujeito acaba inventando uma mulher perfeita (a mulher invisível do título), que, por conta de só existir na sua cabeça, gera para ele uma série de situações absurdas, como ficar enfiando a língua no ar, num chupão imaginário, só para dar um exemplo.

Mais uma vez, inevitavelmente me lembrei de “Fight Club”, e aqui o filme não é baseado num livro do mesmo autor. Muitas cenas no mesmo estilo de quando Tyler Durden já foi descoberto enquanto ser imaginário. Acho, inclusive, um grande spoiler ser revelado tanto no título quanto nos trailers o fato de que Amanda é uma mulher imaginária. Acho uma merda, mas compreendo. Só assim para eles atingirem o público de “Se eu fosse você” e afins. Deve ser por conta disso também que há diversos diálogos desnecessários, como Amanda dizendo para Pedro “Eu não existo sem você”, como forma de reforçar a referência de que ela é imaginária.

Nas interpretações, destaque para Selton Mello e Vladimir Brichta, muito engraçados. Destaque também para a interpretação de Luana Piovani, no papel de mulher gostosa, exceto pelas partes em que ela tem alguma fala. Muito legal também a trilha sonora, com Ramones e Janis Joplin. No fim das contas, é um filme nacional que vale tranquilamente o ingresso pago e garante uma diversão leve e descomprometida.

Wednesday, June 10, 2009

Choke


Choke

Victor Mancini (Sam Rockwell) é um cínico trapaceiro que engasga em restaurantes para ter um pouco de atenção. Trabalha em um parque temático vestido de vassalo irlandês. Ele também freqüenta grupos de ajuda para viciados em sexo a fim de conhecer ninfomaníacas.

Choke (EUA) 2008. Direção:Clark Gregg Roteiro:Clark Gregg Elenco:Sam Rockwell, Anjelica Huston, Brad William Henke, Kelly Macdonald . Duração: 89 minutos.

Rafinha

Choke é o tipo de filme que divide opiniões, quem gosta de humor escroto e cinismo vai adorar, quem se sente ofendido com palavrões e sexo sujo vai torcer o nariz. Eu acho.
Quando Mau e eu assistimos reconhecemos imediatamente a narrativa estilo Clube da luta, depois ficamos sabendo que o autor é o mesmo, Chuck Palahniuk.

Aqui a história nem é o principal, mas a construção dos personagens e os diálogos são muito bons. Anjelica Huston como a mãe maluca é sensacional. Sam Rockwell com aquela cara de doido fanfarrão é perfeita para o ninfomaníaco e golpista Vitor Mancini. Lembra de Zaphod Beeblebrox em Guia do Mochileiro das Galáxias e Frank em Os Vigaristas? Então, é o Rockwell.

Choke não vai fazê-lo gargalhar histericamente, mas vai proporcionar vários sorrisos marotos (uia!), aquele tipo de sorriso que vem junto com o pensamento: “Porra! Que diálogo massa! Queria saber escrever coisas assim!”.

Aqui no Brasil, Choke ganhou o mesmo título do livro, No Sufoco, e sairá direito em Dvd. Vai entender a cabeça dessas distribuidoras.

M.

Uma comédia bem interessante que, por razões óbvias, não alcançou o circuito comercial. Conta a história de Victor Mancini, um sujeito que é viciado em sexo e participa de grupo de auto-ajuda pra se libertar deste vício. Não bastasse esse problema, ainda tem que aturar um emprego de merda pra pagar as contas da mãe maluca internada num hospital particular. Isso sem falar no aspecto que dá nome ao filme, mas esse prefiro não explicar de antemão.

A narrativa em primeira pessoa associada à idéia do grupo de auto-ajuda nos traz, de imediato, a lembrança do bom e velho “Clube da Luta”. E essa semelhança não é sem motivo, já que, como Rafinha pesquisou, é baseado num livro do mesmo autor. Tudo bem que “Choke” não alcança a mesma profundidade narrativa desse outro, mas no seu papel de uma comédia diferente ultrapassa em muito as que temos visto por aí.

Não vá assistir achando que é um filme que mudará sua vida, porque não vai. Mas se você tiver um humor refinado, pode assistir e se preparar para algumas boas risadas.

Saturday, May 23, 2009

Meu vizinho Totoro




Meu vizinho Totoro

Duas meninas se mudam com seu pai para o interior do Japão, com o objetivo de ficar perto da mãe (que está internada em um hospital). Lá, elas viverão muitas aventuras ao lado do espírito protetor da floresta Totoro.

My Neighbor Totoro (となりのトトロ, Tonari no Totoro, lit. The Twoll Next Door), Japão, 1988. Direção: Hayao Miyazaki. Elenco: Noriko Hidaka, Chika Sakamoto, Shigesato Itoi. Duração: 86 minutos.


M.

Totoro é mais uma animação “bonitinha” de Miyazaki. Em comum com Ponyo os temas de família e natureza, embora me tenha parecido com um tom menos infantil. A história aqui é sobre duas garotinhas que vão morar no “interior” juntamente com seu pai, pra ficarem todos mais perto do hospital onde a mãe está internada. Lá, elas acabam entrando em contato com espíritos da natureza, dentre eles, Totoro. Li que a trama é uma referência autobiográfica de Miyazaki (a parte da família e da mãe, não do contato com os espíritos da natureza), que passou por uma situação familiar quando era criança.

Gostei muito da estética. Acho massa quando nos desenhos mostram aspectos culturais, como o cultivo dos campos de arroz, e os pequenos altares para deuses, espíritos ancestrais, ou sei lá o que, no meio do nada. Os espíritos da floresta também ficaram bem interessantes embora, confesso, dada a fama de Totoro, achei que ele tivesse uma maior participação na trama.

No geral, gostei e recomendo!


Rafinha

Em Meu vizinho Totoro, uma animação de 1988, conhecemos a história de Mei, sua irmã mais velha Satsuki, seu pai e sua mãe que está internada em um hospital se recuperando de uma doença que não é explicitada.

Eles se mudam para uma casa no campo próxima ao hospital. Embora tristes com a prolongada doença da mãe, as meninas estão muito felizes por poderem brincar livremente, e logo começam a explorar as redondezas. Mei, a caçula de 4 anos, logo se encontra com o senhor da floresta, a quem ela começa a chamar de Totoro. Pelo que eu entendi, quando ela pergunta como ele se chama, ele dá uns grunhidos e a pequena Mei acha que Totoro é seu nome.

Uma das coisas que eu gosto nas animações do Studio Ghibli é o encantamento e a falta de medo dos personagens diante de situações e seres que para nós, criados e educados para tremer diante do desconhecido, seriam simplesmente assustadores. Por exemplo, a possibilidade da casa nova ser mal-assombrada é excitante para todos da família.

Totoro é um ser imenso parecido com uma topeira (ou coelho ou gato) com patinhas de bicho preguiça e uma barriga fofinha. Ele possui seu próprio meio de transporte, um gato-ônibus com olhos de farol e sorriso de Cheshire Cat.

O primeiro encontro de Mei com Totoro é uma das cenas mais lindas. Outra coisa muito bacana nas animações do velhinho Miyazaki, as crianças sempre são representadas com dignidade e de forma realista, quando digo realista me refiro ao fato delas serem, afinal, crianças, sem aquela mania do cinema ocidental de retratá-las como adultos em miniatura.

Quem viu A viagem de Chihiro logo vai lembrar dos susuwatari, as bolinhas pretas parecidas com ouriços do mar que trabalham carregando carvão. Os susuwatari são chamados também de soot sprites, black soots ou dust bunnies, pequenos seres com olhos que vivem na escuridão, eles são os responsáveis por deixar uma casa vazia toda empoeirada e basta uma boa risada para espantá-los.

No Japão, Totoro é tão conhecido e amado quanto Mickey Mouse nos estados Unidos. Na verdade, a animação foi responsável por trazer notoriedade às animações japonesas em geral, até a atenção da Disney foi chamada com o seu lançamento.

Totoro é tão cool que até Neil Gaiman já fez referência a ele, ou talvez tenha sido Jill Thompson porque foi ela que desenhou. De qualquer forma, no arco Vidas Breves de Sandman, Delirium está na cama soprando “bolinhas” de sabão, uma das formas que aparece é o Tororo segurando um guarda-chuva. Pra quem não lembra ou só está curioso, segue a foto da HQ. Se não conseguiu ver direito, pegue lá seu exemplar de Sandman que eu sei que você tem.




Ao longo desses 21 anos, a história de Totoro já foi parodiada muitas vezes e muitos artistas fizeram suas próprias versões, abaixo a versão simpsonificada de Totoro, da artista Nina Matsumoto. Aquela que transformou os simpsons em mangá, lembra?





Totoro tem até mesmo um cinturão de asteróides com seu nome, 10160 Totoro foi descoberto em 1994 e batizado em homenagem ao “coelho” cinza do Sr. Miyazaki.
Bacana, né?

Sunday, May 10, 2009

Ponyo on the cliff by the sea


Ponyo on the cliff by the sea

Ponyo é uma peixinha dourada que conhece o garoto Sosuke, de apenas cinco anos de idade. A amizade entre os dois é tão grande que Ponyo resolve se tornar humana só para ficar mais tempo ao lado de seu amigo.

(Gake no ue no Ponyo) 2008. Direção: Hayao Miyazaki. Elenco: Yuria Nara (Ponyo voice), Kazuko Yoshiyuki (Toki voice), Cate Blanchett (voice: English version), Noah Lindsey Cyrus(voice: English version), Matt Damon (voice: English version). Duração: 100 minutos.


Rafinha

Hayao Miyazaki é um velhinho japonês com alma de mágico. Até hoje só assisti 3 filmes dele, ´A viagem de Chihiro´, ´O castelo animado´, e agora ´Ponyo´, todas animações geniais, com histórias extremamente ricas e personagens cativantes. Estão na lista do utorrent, ´Princesa Mononoke´ e ´Meu vizinho Totoro´.

Ponyo é a mais nova animação do Studio Ghibli, que pertence ao Sr. Miyazaki. Fiquei sabendo que, devido a sua idade avançada, o Studio Ghibli está sob a responsabilidade de seu filho, que parece ter herdado a genialidade do pai.

Ponyo é uma peixinha dourada que sonha em ser menina. Sua mãe é uma deusa do mar e seu pai é um maluco com olheiras profundas que vive enfurnado em uma bolha preparando poções mágicas. Ponyo começa a se tranformar em menina ao provar do sangue de Sosuke, um menino de 5 anos que a leva pra casa em um balde. Acontece que seu pai, o maluco com olheiras, não quer que ela se transforme em menina, por que isso acarretaria o fim do mundo.

Ponyo como menina é uma gracinha, extremamente excitada com as coisas mais triviais dos seres humanos. A historinha é linda, entretanto bem mais infantil que as duas citadas acima, e que mesmo assim não pode ser comparada com algumas bobagens feitas pela Disney. Até mesmo em uma historinha tipicamente para crianças, Myiazaki consegue elevar a animação a um nível que a Disney nunca conseguirá alcançar.


M.

Sofri por meses, desde que Rafinha ficou sabendo da existência dessa animação, e ficava cantando em loop, ad infinitum, os dois primeiros versos da música tema. =)

O fato é que temos aqui mais uma animação de Hayao Miyazaki muito bonita. Gosto muito dos traços dos animes em geral, bem como da aura de “realidade mágica”, que as animações dele, especificamente, costumam ter: um mundo real, unido num mundo mágico.

Desta vez ele narra a saga de uma “peixinha”, chamada Ponyo, que quer virar uma menina, para poder ficar com seu amor, Sosuke, um garotinho de cinco anos. O estilo é um pouco mais infantil do que os anteriores que assisti (Chihiro e Castelo Animado), mas ainda assim muito agradável. Um bom filme para assistir num momento que você pretende relaxar com algo simples, leve e bonito.

Thursday, May 7, 2009

Deixa Ela Entrar - Let The Right One In


Deixa Ela Entrar

Oskar é um menino de 12 anos que é maltratado no colégio. Ele se apaixona por Eli, uma garota bastante peculiar. Eli dá a Oscar a força para que comece a revidar tudo que sofre nas mãos de seus colegas.

(Låt den rätte komma in) Suécia, 2008. Direção: Tomas Alfredson. Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar, Henrik Dahl. Duração: 115 min. Classificação: 13 anos.


Rafinha


Deixa Ela Entrar é um filme sueco sobre uma menina vampira.
Eli é a tal da menina vampira, eternamente presa em um corpo de 12 anos. Oskar é o menino que apanha dos outros no colégio. Eles se tornam amigos e Oskar, incentivado por Eli, começa a reagir às porradas que leva.

Sabe aqueles filmes bacanas como Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o vampiro? (Crepúsculo, por ser a pior história de vampiros de todo o universo conhecido e desconhecido não entra aqui) Pois então, Deixa Ela Entrar não tem nada a ver com esses filmes, a mitologia vampírica é algo bem sutil na história, a própria Eli em determinado momento diz: “Eu sou igual a você, Oskar. Não está vendo?”.

Eli não tem pele de diamantes (Vai se fuder Stephenie Meyer!), nem há referência a alho, cruz e água benta, nem mesmo as presas da menina são mostradas. Há sim a aversão ao sol e o fato de precisar de convite para entrar em casas alheias. Eu sempre achei essa regra um tanto psicológica, e o Oskar também. Ele questiona isso a Eli, e a inexperiente menina vampira não sabe responder, essa cena acaba sendo uma das mais interessantes.

Deixa Ela Entrar pode até ser considerado um romance, bizarro e sangrento, mas ainda sim um romance. Hollywood, como não poderia deixar de ser, já comprou os direitos para refilmar, e aposto que eles vão fazer uma cagação melosa de amor romântico pau no cu. O diretor do filme ficou puto com isso, li uma entrevista dele dizendo que não entendia a obsessão dos americanos com refilmagens e que seu filme já era bom o suficiente. Esperemos.

A caracterização e a entonação da voz de Eli são muito boas, a menina parece realmente um pequeno demônio habitando um corpo infantil.

O filme não é sensacional, nem o melhor filme já feito sobre o tema, mas é sempre bom ver um filme sobre vampiros, isso quando não há vampiros com pele de diamante nele.


M.

Este é um filme que narra o relacionamento entre uma menina-vampira e um garoto vítima de bulling, que acabam sendo vizinhos. De início quero confessar que assisti um pouquinho contrariado, já que foi uma versão dublada em inglês. Coisa de americano que não sabe ler legenda e considera um absurdo qualquer filme que seja feito em outra língua que não a deles.

Reclamação inicial à parte, é um filme interessante. Gostei bastante da estética, com a neve cobrindo tudo. Além do aspecto da beleza, acredito que isso é algo que modifica as relações sociais, pelo menos em comparação ao modo como elas se dão em boa parte do nosso país, que é constantemente ensolarado. A neve e o frio fazem as pessoas se fecharem mais nelas mesmas.

Sempre que vejo filmes em que há uma criança que se tornou vampiro, fico questionando a construção da psique da personagem. No caso em questão optaram por a deixar muito mais próxima da de uma criança, embora a sinopse indique que a menina-vampira já tem doze anos a duzentos. Não sei se, na prática, seria assim que ocorreria. Mas essa é muito mais uma digressão nerd sobre aspectos psicológicos de algo inexistente do que qualquer outra coisa.

O filme não é uma obra-prima que vai mudar sua vida, mas também não é ruim. É um bom filme, que não ofende sua inteligência, nem contraria os aspectos gerais do mito sobre os vampiros, não fazendo, por exemplo, que eles sejam seres cuja pele brilha lindamente na luz do sol.

Saturday, May 2, 2009

X-Men origens: Wolverine


X-Men Origens: Wolverine

A origem do mutante Wolverine - de sua infância no Canadá ao confronto com o programa Arma X - anos antes de sua entrada no grupo X-Men.

(X-Men Origins: Wolverine) EUA, 2009. Direção: Gavin Hood. Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston. Duração: 111 min. Classificação: 12 anos.

Rafinha

Assistimos Wolverine em uma sessão absurdamente lotada no Iguatemi, mas pelo menos conseguimos bons lugares e as pessoas ficaram quietas durante o filme. Tinha uma velha louca sentada na mesma fila que nós que guardou dois lugares e não deixava ninguém sentar, só sei que ela levou cano e ninguém apareceu, quando o filme começou ela saiu e largou lá os três lugares, bom pra nós que pegamos lugares mais no meio da fila.

Vamos lá então, eu tinha visto a versão inacabada, aquela que vazou na net e que deixou Hugh Jackman putinho. E tirando os cabos de aço aparecendo e de poucas cenas de luta com bonequinhos sem rosto, a versão final é igual à inacabada.

Eu sou uma ignorante em relação ao universo X-men, sabia como Wolverine havia ganhado o esqueleto de adamantium e perdido a memória, tirando isso, sabia de mais nada. Fontes confiáveis me informaram que eles cagaram um monte na história original. De qualquer forma, o filme é apenas um bom filme de ação. Com muitas cenas de pancadaria, óleo de amêndoas nos músculos de Hugh Jackman, frases de efeito usadas ad infinitum, mocinha que morre, yada yada yada. Alguns rombos no roteiro insultam a inteligência de espectadores mais exigentes. Gostei mesmo foi de Liev Schreiber como Dente de Sabre, eu sempre o achei um cara talentoso, embora na maioria das vezes ele seja coadjuvante e fique lá escondidinho, acho que por ele não ser gatinho. Hollywood tem dessas coisas. Mesmo em seu único trabalho como diretor – Uma vida iluminada, aquele filme de 2005 com o Frodo – ele fez um trabalho bacana.

No final de Wolverine tem duas cenas extras, uma logo após o fime e outra depois dos créditos. Vale só pela curiosidade de ver mesmo.

M.

Quem, como eu, acompanhou as publicações de X-Men e Wolverine ao longo das décadas de oitenta e noventa, sabe quantas e quantas vezes a origem de Logan foi contada e recontada, antes, durante e depois, inclusive, do HQ “Arma X”, que prometia revelar toda a verdade sobre a origem do dito cujo. Posso então tentar encarar o filme como mais uma tentativa de contar essa origem, nem menos, nem mais verdadeira que as outras. Mas isso não implica que não possa classificar essa tentativa como pior e menos coerente do que as anteriores.

Wolverine é, mais do que tudo, um filme de ação. Tem muita explosão, muito raio óptico de Summers destruindo tudo, muita luta bem coreografada. Mas tem também muita contradição e muito clichê. Não é que o filme seja um lixo, mas com certeza é muito menos do que poderia ter sido. Acho que a pressa na produção em série para não perder qualquer possibilidade de lucro derivada do sucesso dos X-Men vem comprometendo a qualidade. E isso não é algo que apareça pela primeira vez aqui, vem já do terceiro episódio da série, que foi mais fraquinho do que os dois anteriores. É por coisas como essa que o velho-doido-fumador-de-haxixe-adorador-do-lagarto não deixa colocarem o nome dele nos filmes.

Vamos voltar a pesquisar direitinho, ler o histórico dos personagens e dar coerência à coisa, ao invés de simplesmente deixar finais já com a deixa da continuação para o próximo blockbuster. Nem é tão difícil, vocês já fizeram isso bem algumas vezes, tendo a última delas sido com nosso amigo Tony Stark. Garanto que, a longo prazo, vocês ganham mais dinheiro assim, vão por mim.

Tuesday, April 28, 2009

Sinédoque, Nova Iorque

Sinédoque, Nova Iorque

Diretor teatral monta uma peça de proporções gigantescas baseada em sua própria vida conturbada.

(Synecdoche, New York.) EUA, 2008. Direção: Charlie Kaufman. Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Michelle Williams. Sinopse: Duração: 124 min.


Rafinha

Considero Charlie Kaufman um dos mais talentosos roteiristas da atualidade. Pra quem não lembra, ele escreveu os roteiros de Quero ser John Malkovich, Natureza quase humana, Confissões de uma mente perigosa – que até hoje não me perdôo por ter perdido a oportunidade de comprar por 12,90 -, Adaptação, Brilho eterno de uma mente sem lembranças, e agora Sinédoque, Nova Iorque, que também foi dirigido e produzido por ele.

Já disse antes que filmes com temática surreal e nonsense despertam meu interesse na hora, muito graças à Kaufman pois seus roteiros sempre são ótimos. Suas parcerias com Spike Jonze e Michel Gondry sempre rendem trabalhos interessantíssimos. Tá, eu babo ovo mesmo.

Sinédoque, Nova Iorque é um filme mais pesado que os anteriores. Por exemplo, em Brilho eterno a sensação que fica quando o filme acaba é boa, em Sinédoque não. Não que o filme seja ruim, mas o tema – morte, velhice – me sensibiliza mais e me faz pensar em coisas que eu não quero pensar, muito menos nessa fase de minha vida.

Começando pelo título, Sinédoque é uma figura de linguagem usada quando se usa uma parte para falar do todo e vice-versa.

Caden – o fantástico Philip Seymour Hoffman - é um melancólico diretor de teatro que é abandonado pela mulher e pela filha. Ao receber uma doação de uma grande quantidade de dinheiro para usar em um novo projeto, ele começa a criar e montar a peça de sua vida. A peça é, basicamente, um pedaço da cidade de Nova Iorque construído, literalmente, dentro de um galpão gigantesco, onde as pessoas encenam dia e noite. Milhares de pessoas. A peça é, afinal, a vida de Caden. Ficção e realidade começam a se misturar, pessoas são contratadas para interpretar Caden e as pessoas que estão ao seu lado. Parece um pouco confuso, mas ao assistir com atenção, as coisas se encaixam. Taí a tal da sinédoque.

No final, um dos atores faz um discurso muito bonito sobre como somos miseráveis e ninguém se importa, porque afinal todos tem suas tristezas para lidar.
Charlie Kaufman sempre vale a pena, é o que eu digo.


M.


Estamos na temporada de assistir filmes sobre tempo, doença, velhice, sanidade, morte e essas coisas que causam distúrbios na minha mente. Todos sabemos que todos morrem um dia, mas isso fica numa perspectiva totalmente diferente quando você de fato dedica um tempo para pensar, sem nenhuma muleta metafísica, que você vai morrer um dia. Não que esteja reclamando de ter tais pensamentos, porque acho que sou até um eu melhor quando estou em tal estado, mas que é pesado, é.

“Synecdoche, New York” é mais um filme de Charlie Kaufman que me conquistou. Kaufman está cada vez mais ganhando seu lugar entre meus roteiristas prediletos. O filme narra a história de Caden Cotard, um diretor de teatro que vive uma vida angustiada (e talvez hipocondríaca) e que, após receber uma enorme verba como prêmio, resolve criar uma peça que seja uma grande obra, um contributo para a humanidade. Philip Seymour Hoffman, que o interpreta, realiza um trabalho sensacional.

A narrativa do filme é coerentemente confusa, com uma linha do tempo e noção da realidade que permitem que você sinta o que vive o protagonista. Esta, aliás, outra das temáticas do filme: o fato de sermos protagonistas das nossas vidas.

É o típico filme que sei que, se houvesse assistido numa sala do circuito comercial, pelo menos 50% dos 20 espectadores que estivessem presentes na sessão teriam saído antes do final. Acredito que essa definição é mais do que suficiente para destacar a qualidade sensível do filme, que felizmente assisti no conforto do meu lar, com todo o silêncio reflexivo que me era necessário.